Entrevista

* Publicada pelo site Resenhando.com


Como surgiu a ideia para o livro?

Um dia, no fim de uma sessão de análise, em que falei muito sobre as mulheres da minha vida, o terapeuta deu um "sorrisinho" e disse que minhas histórias dariam um bom livro. Voltei pra casa, liguei o computador e comecei a escrever. Elas por Ele conta a história de um publicitário que depois de se casar três vezes decide ficar sozinho por uns meses. Leonardo quer se proteger das paixões. Mas, numa fila de cinema, conhece Carolina se apaixona de novo. A medida em que tenta conquistá-la, vai relembrando situações que viveu nos relacionamentos anteriores e compara as respostas da nova musa inspiradora com as que ouviu de outras mulheres, namoradas, amigas. Dessa forma, o texto convida o leitor a analisar sua própria vida.

Obviamente você coloca no livro observações pessoais na criação do texto e personagens. Mas o quanto há de biográfico na história?

Para dar realismo ao texto, a maioria das falas das personagens femininas são frases que ouvi de mulheres ao longo da vida. Leonardo, o personagem central, também fala como um homem de verdade. Acredito que ele seja uma mistura de o que há de melhor em mim, nos meus amigos, nos homens que admiro.

O que você aprendeu com a temática de seu romance?

Como numa boa terapia, o livro me ajudou a refletir sobre a minha vida. Hoje, consigo perceber com mais clareza o porquê das escolhas que fiz no passado e das que faço hoje. Depois de voltar meu olhar, por meses, para a observação das mulheres, me dei conta mais ainda da necessidade de respeitar nossas diferenças. Temos ritmos e sonhos distintos. Elas por Ele descreve vários exemplos. Aspectos que tornam as mulheres ainda mais apaixonantes. Talvez, o maior erro dos homens seja ignorar as necessidades femininas. Aqueles corpinhos são bombas de hormônio. Temos que ser pacientes. Elas precisam falar, precisam ser elogiadas, surpreendidas.

Na sua opinião, relacionamentos anteriores podem ajudar na escolha do par perfeito?

Costumo dizer, brincando, que todo mundo deveria se casar três vezes, pelo menos. A gente só aprende vivendo. Certamente, a experiência das relações anteriores nos ajuda a evitar conflitos, a fazer escolhas mais conscientes. Com bom humor, o livro aponta caminhos interessantes que podem levar o leitor a uma saudável viagem em direção a autodescoberta. Esse é o nosso primeiro destino: nos perceber. Saber quais são nossos medos, nossos desejos. E assim, começar a tomar decisões mais conscientes do que realmente queremos.

Por ser editor-chefe e apresentador de telejornal, como foi ultrapassar a síntese do texto de televisão para abraçar a literatura?

Meu maior desafio foi deixar de lado meu olhar de editor. No telejornal, acabo sendo uma espécie de sensor do trabalho dos repórteres. Quando comecei a escrever Elas por Ele, fiz um trato comigo: teria que me deixar mais permissivo. Assim, restou apenas o prazer pela criação.

Quem escreveu o prefácio?

Quando terminei de escrever o livro, pedi a um amigo, o Coronel Panizzutti, que fizesse a revisão. Ele foi um dos professores de português mais admirados da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no sul do estado do Rio. Uma semana depois, o Coronel me entregou o texto revisado e me presenteou com um prefácio emocionante. Infelizmente, meu amigo Panizzutti morreu antes do lançamento. Ele tinha um problema grave no coração. Mas, vou levar sempre comigo o carinho, a gentileza, a dedicação dele com o texto e com o amigo.

Você já pensa em escrever outro livro?

Já tenho um esboço do próximo livro. Estou escrevendo sobre a vida. Na verdade, sobre a necessidade de se libertar da própria cultura para viver melhor. Mas, no momento, meu desejo é que os leitores se divirtam e se reconheçam nas páginas de Elas por Ele. Torço para que sintam o mesmo prazer que tive ao escrevê-lo.